Inicialmente, é importante compreender que a Columbofilia é a prática da criação, seleção e cultivo de pombos-correio para competição. Os columbófilos oficiais registrados do Brasil, que são os criadores de pombos-correio, desenvolvem as capacidades físicas e de orientação das aves para participarem de campeonatos de velocidade e resistência, nos quais os pombos são soltos em um local distante e devem retornar ao seu pombal de origem o mais rápido possível. A columbofilia é considerada um esporte e uma arte, exigindo conhecimento, técnica, dedicação e paixão pelos pombos-correio em vários países.
No Brasil, a única entidade federativa que representa e organiza a prática desportiva da columbofilia oficial é a Federação Columbófila Brasileira (FCB-BR), considerada a maior Comunidade de Criadores de Pombos-Correio Registrados do país. Esta entidade possui registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), além de filiação à Federação Columbofilia Internacional – FCI e à Associação Ibero Latina Americana de Columbofilia – AILAC.
Agora, vamos explorar as principais diferenças entre o pombo correio de competição e o pombo de rua.
O pombo correio de competição: O pombo correio de competição é uma raça selecionada e criada especificamente para participar de competições de velocidade e resistência. Estas aves possuem algumas características que as tornam aptas para essa atividade, tais como:
Tratamento de atleta: os pombos correio de competição recebem um tratamento especial, incluindo a colocação de uma anilha com as siglas “FCB-BR/FCI” gravadas, além de um chip eletrônico que registra os dados do criador, permitindo o monitoramento durante as competições.
Regresso para casa: os pombos correio de competição possuem um instinto de orientação e navegação muito desenvolvido, permitindo que eles encontrem o caminho de volta para o seu pombal mesmo a centenas de quilômetros de distância.
Rastreabilidade animal através do MAPA: esses pombos são registrados e controlados pelo MAPA, o que inclui a emissão de documentos como o Número de Elemento de Rastreabilidade e a Guia de Trânsito Animal (GTA), atestando a sanidade sanitária.
Certificação sanitária aos criadores oficiais registrados pela FCB-BR: os pombos correio de competição são criados por criadores oficiais registrados que seguem normas e protocolos sanitários rigorosos, garantindo a saúde e a qualidade das aves.
Os pombos correios de competição não são vetores ou transmissores de doenças por vários motivos:
1. Rotina rigorosa de testes e quarentena:
- Antes de serem liberados para competir, os pombos correios são testados rigorosamente para doenças, como salmonela, paramixovírus e doença de Newcastle.
- Os pombos que testarem positivo para qualquer doença são colocados em quarentena e não são permitidos competir.
- As autoridades veterinárias também monitoram os pombos durante o treinamento e as competições para garantir que eles não apresentem sinais de doença.
2. Vacinação:
- Os pombos correios são frequentemente vacinados contra doenças comuns, como paramixovírus e doença de Newcastle.
- A vacinação ajuda a proteger os pombos de contrair e transmitir doenças.
3. Isolamento:
- Os pombos correios de competição são geralmente mantidos em lofts isolados, o que limita sua exposição a outras aves e animais que podem ser portadores de doenças.
- Os lofts também são frequentemente limpos e desinfetados regularmente para ajudar a prevenir a propagação de doenças.
4. Características específicas:
- Os pombos correios são criados seletivamente para ter características que os tornam menos propensos a contrair e transmitir doenças.
- Essas características incluem um sistema imunológico forte e resistência a doenças.
5. Monitoramento constante:
- Os criadores de pombos correios monitoram seus animais constantemente para detectar sinais de doença.
- Se um pombo apresentar sinais de doença, ele será imediatamente isolado e testado.
6. Baixo risco de transmissão:
- O risco de um pombo correio transmitir uma doença para um humano é muito baixo.
- Os pombos não transmitem doenças como a gripe aviária ou a COVID-19 para os seres humanos.
Embora os pombos correios de competição não sejam vetores ou transmissores de doenças, é importante sempre seguir as medidas de higiene ao interagir com eles. Isso inclui lavar as mãos após o contato com os pombos e evitar tocar seus olhos, nariz e boca.
Em resumo, os pombos correios de competição não são considerados um risco significativo para a saúde humana. As medidas rigorosas de higiene e os programas de testes e vacinação ajudam a garantir que os pombos sejam saudáveis e não transmitam doenças.
O pombo de rua: O pombo de rua é uma raça que se originou a partir de pombos domésticos que escaparam ou foram abandonados pelos seus donos. Estas aves apresentam algumas características distintas:
Ausência de Anilha de identificação: os pombos de rua não possuem identificação ou monitoramento, vivendo de forma livre e selvagem.
Perda do instinto de regresso: esses pombos perderam o seu instinto de orientação e navegação, não sendo capazes de retornar ao seu local de origem se forem soltos em um local distante.
Falta de rastreabilidade animal – MAPA: os pombos de rua não são registrados ou fiscalizados pelo MAPA, o que torna difícil o monitoramento de sua população e movimentação, representando desafios no controle de doenças e parasitas.
Falta de certificação sanitária: esses pombos não são criados por criadores oficiais registrados e não estão sujeitos a padrões sanitários, podendo representar riscos para a saúde pública e animal.
1. Falta de controle e manejo:
- Os pombos urbanos não são criados em ambientes controlados e não são submetidos aos mesmos rigorosos testes e vacinações que os pombos correios de competição.
- Isso significa que eles podem estar mais propensos a contrair e transmitir doenças.
2. Exposição a ambientes insalubres:
- Os pombos urbanos vivem e se alimentam em ambientes que podem ser insalubres, como lixões, ruas sujas e áreas com grande concentração de animais.
- Isso aumenta o risco de contraírem doenças a partir de outros animais, insetos e alimentos contaminados.
3. Contato com outros animais:
- Os pombos urbanos têm contato frequente com outras aves, roedores e animais selvagens que podem ser portadores de doenças.
- Esse contato aumenta o risco de contraírem e transmitirem doenças entre si e para outras aves.
4. Condições de vida precárias:
- Os pombos urbanos geralmente vivem em condições precárias, com pouco acesso a água potável e alimentos nutritivos.
- Isso pode enfraquecer seu sistema imunológico e torná-los mais suscetíveis a doenças.
5. Falta de higiene:
- Os pombos urbanos defecam em diversos locais, como calçadas, telhados e carros.
- O contato com suas fezes pode transmitir doenças como salmonelose, histoplasmose e criptococose, desde que o ser humano tenha um sistema imunológico muito baixo.
Doenças transmitidas por pombos urbanos:
- Salmonelose: causa sintomas gastrointestinais como diarreia, náuseas e vômitos.
- Histoplasmose: doença pulmonar causada por fungos presentes nas fezes dos pombos.
- Criptococose: doença pulmonar causada por fungos presentes nas fezes dos pombos, aqui é preciso diferenciar e muito do que é propagado, em caso de suspeita consulte também um veterinário especializado em pombos para orientações técnicas aprofundadas.
- Doença de Newcastle: doença viral que afeta o sistema respiratório das aves, muito raro de ocorrer.
Prevenção:
- Evite contato direto com pombos urbanos e suas fezes.
- Lave as mãos frequentemente, especialmente após contato com áreas onde há pombos.
- Mantenha alimentos e água fora do alcance de pombos.
- Limpe e desinfete regularmente áreas onde há presença de pombos.
Importante:
- Nem todos os pombos urbanos são portadores de doenças.
- O risco de contrair uma doença a partir de um pombo urbano é relativamente baixo.
- No entanto, é importante tomar precauções para minimizar o risco de infecção.
Os pombos criados na rua podem apresentar um risco maior de doenças em comparação aos pombos correios de competição. É importante tomar precauções para minimizar o risco de infecção ao interagir com pombos urbanos.
Essas diferenças destacam a importância da regulação e controle na criação e manejo de pombos, garantindo a qualidade e a segurança tanto das aves quanto das comunidades onde vivem.
Sobre o Autor:
Dr. Guilherme Augusto Marietto Gonçalves
Resumo:
Dr. Guilherme Marietto é um médico veterinário com vasta experiência em clínica de aves, animais exóticos e silvestres. Possui formação acadêmica sólida e é um profissional dedicado à pesquisa e à divulgação científica.
Para mais informações:
- LinkedIn: Guilherme Marietto – Médico Veterinário – DocBird: https://br.linkedin.com/in/guilherme-marietto-b3a99763