Os problemas locomotores nas aves prejudica o bem estar, a produtividade e determina lesões que resultam em condenações no abatedouro, causando prejuízos econômicos que ultrapassam milhões de reais e são incompatíveis com a competitividade da avicultura.
Estes prejuízos aparecem na forma de perda de peso, piora na conversão alimentar, tratamentos com antibióticos e aumento da mortalidade. Aliado a isto, podemos acrescentar as condenações de abatedouro devido a problemas de artrite, que é relatada por alguns autores como a 4ª maior causa de condenações parciais, e podem ter origem infecciosa ou não.
Os Reovírus são os causadores da artrite viral ou tenossinovite em galinhas, ocasionando lesões de caráter inflamatório crônico na articulação tibiotársica. As aves acometidas apresentam dificuldade de se locomover e permanecem em decúbito ventral com consequente alteração na conversão alimentar e ganho de peso, havendo mortalidade devido à inanição e desidratação.
Os sinais e lesões que, entretanto, não são patognomônicos, podem se assemelhar aos causadas por Mycoplasma synoviae, estafilococos ou outras bactérias. O envolvimento principalmente dos tendões extensores e flexores digitais do metatarso, e da infiltração de heterófilos no coração, ajudam a diferenciar a infecção por Reovírus de doenças semelhantes causadas por esses outros agentes.
O Reovírus é considerado endêmico e, em articulações de aves com artrite, podemos encontrar portadoras assintomáticas de Mycoplasma synoviae. Aumentando ainda mais a interação entre estes dois microsganismos.
Os animais mais susceptíveis têm entre quatro e sete semanas de vida. A doença é aguda o e vírus tem predileção pelo tendão gastrocnêmico e as membranas periarticulares, porém a mortalidade é baixa, e pode ser aumentada em aves com infecções conjuntas com Mycoplasma spp., Staphylococcus spp. , E. coli ou até mesmo Salmonellas, que podem agravar os quadros de artrite.
A transmissão horizontal pode ocorrer por contato entre as aves, aerossol, equipamentos, fômites e trânsito de pessoas, pois o vírus é excretado pelo sistema respiratório e digestivo e o mesmo permanece nas tonsilas cecais e articulações por vários dias. Já a transmissão vertical, ocorre em 1 a 2% da progênie de matrizes infectadas.
O Reovirus é um fator imunodepressor e pode execerbar quadros clinicos de infecções intercorrentes, principalmente em casos de Doença de Gumboro e Anemia Infecciosa das Galinhas, que podem interferir na resposta vacinal e consequente proteção destas aves.
Muito resistente ao meio ambiente, por se tratar de um virus não envelopado, a biosseguridade é primordial para o sucesso do programa de prevenção, com intensificação da desinfecção e vazio sanitário.
A vacinação também é uma ferramenta importante no controle da enfermidade. Nas matrizes, além de aumentar os títulos de anticorpos maternos que são passados a progênie, protege os animais contra a tendosinovite. Já em frangos de corte previne os problemas de patas, ruptura de tendões e a desuniformidade associadas às infecções pelo Reovirus.
Atualmente temos diferentes cepas de Reovirus utilizadas na produção de vacinas vivas e inativadas. As vacinas vivas são mais associadas com os problemas de tendosinovite e recomenda-se o uso de cepas altamente atenuadas, como é o caso da s1133, pois cepas mais agressivas podem persistir nos tendões e causar dano tissular.
Já as vacinas inativadas, protegem além dos quadros de tendosinovites, contra a síndrome da má absorção e também problemas ósseos, como a necrose da cabeça do fêmur.
No caso das reprodutoras, recomenda-se programa de vacinação com vacina viva e inativada, pois promove uma imunidade de longa duração e níveis
Artigo escrito pela Dra. Eva Hunka é Medica Veterinária e Mestre em Medicina Veterinária Preventiva.
Colaboração: Departamento Técnico da FCB