Pombo Correio: A história dos pombos correio é tão antiga quanto a própria humanidade

A história dos pombos correio é tão antiga quanto a própria humanidade e para compreendê-la é necessário observar e ler os relatos antigos  pinturas, pergaminhos, altos e baixos relevos entalhados por artistas da Antigüidade em pedra, mármore, madeira e outros materiais que contribuíram para perpetuar a história dos pombos correio através dos milênios.

Aristóteles, Plínio, Heliano e outros já falavam do instinto dos pombos correio para retornarem aos seus locais de nascimento ou para os locais onde se aninhavam. Os pombais fixos e móveis dos romanos constituíam um importante recurso na estratégia militar de suas legiões. Havia pombais que possuíam seis mil pombos convenientemente treinados, segundo observa-se até hoje em baixos relevos esculpidos no Capitólio Romano. Os pombais fixos e móveis montados entre torres corriam por toda a costa do Mediterrâneo. Eram constituídos de jaulas de fácil transporte, assim se explicando como César e seus comandantes de legiões podiam ser informados tão rapidamente dos movimentos de seus inimigos sufragando a tempo conflitos e rebeliões. Devido a isso, no topo dos cetros usados pelos generais romanos em cerimônias triunfais, via-se um pombo correio entalhado em madeira rara, ouro ou prata. Por outro lado, navios romanos também possuíam pombais móveis a bordo. Ainda no Império Romano os resultados das lutas entre gladiadores eram anunciados aos amigos e parentes distantes por meio dos pombos correio. Já no Egito, o governo anunciava as altas e baixas do Rio Nilo, usando o mesmo sistema de comunicação, objetivando alertar moradores e lavradores em suas margens. Como se vê a origem dos pombos correio é remotíssima. As primeiras referências que se tem conhecimento, além das bíblicas, remontam à quinta dinastia egípcia, cerca de três mil anos antes de nossa era. Na Síria, os pombos eram aves sagradas. Na Pérsia, sua criação era privilégio apenas dos maometanos, havendo cristãos que se convertiam de religião apenas para poder criá-los.

Passados anos e com a chegada da era moderna, os pombos correio passaram a ser criados para competição (pombos de corrida). O primeiro concurso de pombos correio efetuou-se na Bélgica em 15 de julho de 1820. Entretanto, na Guerra de 1914 e na Segunda Guerra Mundial tiveram papel relevante. Mais recentemente, foram utilizados pelos americanos nas guerras da Coréia e do Vietnã, quando mais uma vez provaram ser ainda um útil e importante elemento como instrumento de comunicação.

Os pombos dividem-se em selvagens e domésticos, que por sua vez dividem-se em três grupos: pombos de corte, embora todos os grupos possam ser criados para servir de alimento; pombos ornamentais, os quais compreendem a maioria das raças criadas em todo o mundo; e pombos correio, atualmente denominados de pombos de corrida, os quais são conhecidos por seu desenvolvido instinto de retornar ao local onde nasceram ou foram criados desde jovens. Atualmente, os maiores criadores e competidores do mundo são Bélgica, Polônia, Holanda, Espanha, Portugal, Alemanha e China com finalidade esportiva.

O mistério do instinto dos pombos correio ainda é uma incógnita. Sabe-se que a visão, a memória e o grande amor pelo pombal onde foi criado fazem que quando soltos a grandes distâncias (até mais de mil quilômetros) retornem ao seu lugar de origem. Pesquisas mais recentes elucidaram que o pombo correio, o salmão, o homem e alguns outras animais possuem em certas células cerebrais cristais de magnetita, um material magnético natural. Os cristais alinham-se no campo magnético da Terra de um modo muito semelhante ao das agulhas de uma bússola que é usada por essas espécies como um quadro de referência para navegação, segundo Ratey J. John em seu livro “O cérebro: um guia para o usuário”, Rio de Janeiro, Editora Objetiva Ltda. Mesmo assim, acreditamos que pouco se sabe sobre o instinto do pombo correio e muitas pesquisas ainda nos restam. 

A criação destas aves é relativamente fácil, bastando seguir os conceitos de higiene e alimentação e a construção de um pombal simples, limpo e arejado. Quando criados assim os pombos correio não adquirem doenças e nem as transmitem como a maioria das pessoas tem idéia errada. Eles são tratados e alimentados como verdadeiros atletas, são fortes, robustos e muito espertos. O período de incubação é de 16 a 18 dias e a fêmea põem dois ovos.

A velocidade de um pombo correio é de 50 km/h, sendo que bem treinados podem chegar a 60km/h. Filhotes com cinco meses de idade já podem ser treinados a uma distância de até 300 km e quando adultos, em torno de um ano, podem retornar de mais de mil quilômetros. 

A Sociedade Columbófila do Paraná realiza torneios durante o ano e orienta aqueles que desejam iniciar nessa atividade, realizando reuniões mensais com seus sócios e simpatizantes.

Por:João Marcos Baroni, médico veterinário aposentado da UFPR

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